Câmara Municipal de Pouso Alegre

Tipo: Legislativo

Data: 04/06/2019

Protocolo: 02052/2019

Situação: Aprovado

Regime: Ordinário

Quórum: Maioria simples

Autoria: Bruno Dias

Assunto: DISPÕE SOBRE DENOMINAÇÃO DE LOGRADOURO PÚBLICO: AVENIDA SÉRGIO MORAIS TEIXEIRA (*1897 +1978).

Texto: Art. 1º Passa a denominar-se Avenida Sérgio Morais Teixeira a atual Avenida 01, do Bairro Jardim São Fernando, que tem início na BR-459 e término no entroncamento das Ruas 03 (três) e 05 (cinco) com a Estrada Municipal 2856. Art. 2º Revogadas as disposições em contrário, a presente Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Justificativa: Sérgio Morais Teixeira, modelo de verdadeiro cidadão, foi exemplo de trabalho honesto e produtivo e de valores éticos e morais. Apesar do pouco estudo, uma vez que possuía apenas o curso primário, foi líder e empreendedor com visão de futuro, sempre à frente nas áreas em que atuou. Pessoa de hábitos simples e severos e de coração generoso. Nascido em Santana do Sapucaí-MG, atual Silvianópolis-MG, em 12 de setembro de 1897, filho de Jorge Carlos Teixeira e de Custódia de Morais Teixeira. Contava que começou a trabalhar, ainda menino, carpindo arroz nas várzeas do Rio Dourado, em Silvianópolis-MG. Um trabalho árduo, durante o qual sofria picadas de formigas e lava-pés nos pés descalços. Na adolescência, com os recursos conquistados por meio desse trabalho, deu o pequeno primeiro passo para uma longa jornada de sucesso: comprou uma novilha infestada de carrapatos e bernes. Algumas pessoas comentaram que havia começado mal nos “negócios”, pois levara uma “manta”, como se dizia antigamente na roça. Cuidou da novilha, colocou-a em um bom pasto e a revendeu, obtendo bom lucro. Disto tirou uma lição, a qual repassava: “Não compre gado gordo, não venda gado magro”. A partir de então passou a negociar gado. Posteriormente, trabalhou com revenda de sal, de arame farpado e de outras mercadorias de uso nas atividades agropecuárias nos arredores. Em meados da primeira década do século passado, edificou uma meia-água à beira da estrada de Santana, atual Silvianópolis, à Vila de Pico Agudo, atual São João da Mata, junto à ponte sobre o Rio Dourado, onde estabeleceu a “Venda do Sérgio”. Com seu espírito inquieto e destemido, no fim da referida década vendeu tudo o que tinha e foi para Vila de Santa Vitória, pontal do Triângulo Mineiro, onde abriu a “Casa Santanense”, sendo a primeira construção de alvenaria de tijolos cozidos da vila. Vendia mercadorias diversas, tendo, quase sempre, o gado como moeda de troca. Ele saía para longas jornadas com sua “comitiva” para receber os pagamentos. Para atender os pedidos da mãe, voltou para sua terra natal e adquiriu um sítio no município de Santa Rita do Sapucaí, onde conheceu Edith Moreira Morais Teixeira, sua esposa. Diante da grande crise mundial de 1929, em meio a um cenário de lavouras abandonadas, Sérgio decidiu plantar café e obteve grandes lucros. Em meados da década de 1930, montou uma fábrica de laticínios e levava queijos e manteiga para Campinas e São Paulo, até instalar um estabelecimento comercial de atacado e varejo em São Paulo. Em 1941, adquiriu uma gleba de terras em Pouso Alegre, no bairro rural Ypiranga, onde fundou um criatório de gado da raça Jersey, tendo sido o pioneiro na região. Sua “Fazenda Ypiranga” passou a ser referência de criação desta raça. Nesta mesma década, adquiriu uma fábrica de laticínios em Santa Rita do Sapucaí, continuando com o comércio em São Paulo. Em 1956, decidiu dedicar-se somente à sua paixão: a criação de gado Jersey. Liderando a formação do CooperRita em Santa Rita, vendeu sua fábrica para a cooperativa, da qual permaneceu como cooperado até o fim de sua vida. Transferiu sua residência para Pouso Alegre e integrou a Associação Rural, de cujas exposições participava, ganhando vários troféus de excelência. Em 1968, destacou uma área de sua propriedade para a implantação de um posto de abastecimento e serviços rodoviários. Para a alcançar esse objetivo, realizou contrato com a antiga Companhia Sul Mineira de Eletricidade (já em fase de incorporação com a CEMIG) e assumiu os custos de levar a linha de distribuição, do antigo DNER (atual DENITT), até o “Trevo da Brasilinha” (como ficou conhecido popularmente a interseção do Fernão Dias (BR-381) com a Juscelino Kubitchek (BR-459). Também o fez com relação à linha telefônica. Quando preparava o terreno para implantar o posto, foi pessoalmente procurado por executivos da General Motors, que ofereceram a concessão de uma revenda de veículos Chevrolet. Assim, o que seria um posto passou a ser um complexo, abrangendo vários segmentos comerciais, o qual foi inaugurado em maio de 1970. A implantação da concessionária Chevrolet, posto Shell e a “Churrascaria Mavesa' (hoje Churrascaria Balança”), a primeira a oferecer em Minas Gerais, o então desconhecido “Rodízio de Churrasco”, desencadeou um grande interesse comercial para a área. Sérgio passou a destacar terrenos de sua fazenda para atender esta demanda. Assim, foram implantadas as concessionárias Massey Fergunson, Mercedes Benz e todas as seguintes, até os dias atuais. Sérgio Morais Teixeira era adepto da religião Espírita kardecista e sempre apoiou as atividades assistenciais aos mais pobres, principalmente o asilo (atualmente Bethânia da Providência) e a Vila Padre Vitor, levando-lhes quase todos os dias alimentos da churrascaria. Sempre estimulado e apoiado pela sua esposa, com a morte desta, em fevereiro de 1978, a saudade o levou quatro meses depois, em 11 de junho. Tudo o que se implantou e ainda se instala na ampla região do “Trevo da Brasilinha” deve-se ao pioneirismo e à visão de futuro de Sérgio Morais Teixeira.